Ritmo e dança verde e amarelos se realizam nas cores do Samba

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O samba no Brasil é tido como a música propriamente brasileira, com instrumentação e composição própria da característica do povo. No entanto, é um gênero musical, da qual deriva um tipo de dança de origem africana. É considerado uma das principais manifestações culturais populares, se tornando em símbolo de identidade cultural brasileira.
Dentre suas características originais, está uma forma onde a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano e levado, na segunda metade do século XIX, para a cidade do Rio de Janeiro pelos negros que migraram da Bahia e se instalaram na então capital do Império. O samba de roda baiano, que em 2005 se tornou um Patrimônio da Humanidade da Unesco, foi uma das bases para o samba carioca.

Apesar do samba existir em todo o país, especialmente nos Estados da Bahia, do Maranhão, de Minas Gerais e de São Paulo, sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba como gênero é uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro, onde de fato nasceu e se desenvolveu entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Foi no Rio de Janeiro que a dança praticada pelos escravos baianos migrados entrou em contato e incorporou outros gêneros musicais tocados na cidade (como a polca, o maxixe, o lundu, o xote, entre outros), adquirindo um caráter totalmente singular e criando o samba carioca urbano e carnavalesco.

Parte 5 - Feijoada: Prato de origem africana faz parte do elenco das estrelas da culinária brasileira

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Popularmente dizem que a Feijoada é uma das heranças deixada pelos escravos. No século XIX, durante a escravidão no país, os escravos trabalhavam braçalmente para os senhores feudais, do engenho e das minas de pedras preciosas e moravam em senzalas em péssimas condições de sobrevivência, onde a alimentação era escassa e provia, na maioria das vezes, de cereais como a farinha de mandioca, o fubá o feijão preto.


Devido à falta de variedade na alimentação, os escravos cozinhavam o feijão preto com água e sal e adicionavam as partes da carne de porco que eram dispensadas pelos patrões, deixando a refeição um pouco mais incrementada e comiam este cozido com farinha.

Porém alguns historiadores dizem que a real origem desta iguaria culinária é européia, pois neste mesmo período vários países da Europa já utilizavam outros tipos de feijão nas suas refeições e os portugueses faziam um cozido com diversos legumes, lingüiça, vários tipos de carne e feijão fradinho, refeição muito parecida com a feijoada.

Acredita-se então que esta receita foi trazida para o Brasil pelos portugueses e teve sua receita adaptada com a substituição do feijão fradinho pelo feijão preto, este que não era apreciado pela cultura européia e recebeu o nome de Feijoada.

No Brasil, quarta-feira e sábado são dias de feijoada. Esta tradição segue até hoje e uma possível explicação para ela se dá pelo fato de o prato ter se popularizado no Rio de Janeiro e os hotéis cariocas terem fixado o alimento no cardápio nestes respectivos dias.

Culto à religião dá origem ao melhor da culinária baiana: conheça o acarajé

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O acarajé tem mais de 300 anos de existência e sua origem vem dos cultos de Candomblé, seu mito vem da relação de Xangô com suas esposas Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses santos. Seu nome é uma palavra composta da língua Iorubá: “acara” (bola de fogo) e “jé” (comer), ou seja “comer bola de fogo”.

Ao longo desse período ocorreram várias mudanças, o bolinho já não leva apenas o tradicional bolinho de feijão, a vestimenta branca, a saia rodada e a bata que caracterizam a vestimenta da baiana foram substituídas por outras roupas e a preparação do quitute até então restrito a mulheres passou a ser feita também por homens.

Para as baianas o acarajé é considerado uma comida santa e não pode ser dissociado do candomblé. Por isso sua receita embora não seja nenhum segredo, não pode ser modificada e deve ser feita apenas pelos filhos de santo.

A comercialização do acarajé começou ainda na escravidão com as chamadas escravas de ganho que trabalhavam nas ruas para as suas senhoras (geralmente pequenas proprietárias empobrecidas), desempenhando diversas atividades, entre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. O comércio de rua nas cidades brasileiras permitiu às mulheres escravas ir além da prestação de serviços aos seus senhores: elas garantiam, muitas vezes, o sustento de suas próprias famílias, foram importantes para a constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e também para a criação das irmandades religiosas e do candomblé. Muitas filhas-de-santo começaram a vender acarajé para poder cumprir com suas obrigações religiosas que precisavam ser renovadas periodicamente.

As baianas sofrem, cada vez mais, com a concorrência da venda do acarajé em bares, supermercados e restaurantes, que divulgam o bolinho como fast-food. Essa apropriação do acarajé contraria o seu universo cultural original e a sua venda como “bolinho de Jesus” pelos adeptos de religiões evangélicas, que postam Bíblias em seus tabuleiros, têm causado polêmica.

Parte 4 - Temperando a gastronomia, pimenta marca presença ao nível de patrimônio cultural

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PIMENTA

Com uma riqueza de fauna superior a de outros países, o Brasil está relacionado como um dos maiores produtores de pimenta do mundo. Destacando-se não somente pelo perfil produtivo, mas, também pelo uso cotidiano em pratos regionais.

Contudo, o uso e promoção das pimentas na culinária brasileira se deram com maior expansão após a chegada dos negros cativos, por volta do século XVII, anteriormente o Brasil como colônia extrativista se ocupava basicamente da exportação dos vegetais que de certa forma não tinha seu valor gastronômico apreciado por boa parte dos brasileiros.

Graças aos costumes alimentícios dos negros e a necessidade de adaptar os novos recursos alimentares ao paladar que se assemelhassem ao de suas terras nativas, os negros cativos passaram a usufruir de toda riqueza de condimentos que o Brasil dispunha, inclusive, podemos verificar algumas espécies de pimentas nativas da África, que segundo alguns historiadores afirmam foram trazidas por senhores comerciantes de escravos.

A culinária nordestina, que mantém traços fortes da influência africana na comida brasileira é um exemplo de como o uso das pimentas são amplamente diversificados, seja como molho, tempero e até mesmo na decoração de pratos.

Parte 3 - A popularidade do candomblé como protagonista da mesa do brasileiro

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Culinária e cultura afro-brasileira remontam às raízes da gastronomia

A cozinha afro-brasileira é a representação do legado cultural deixado pelo povo africano, suas adaptações e criações com base na fauna e flora nativa do continente americano pode revelar uma sutileza extraordinária quando a relacionamos com a extensão da cultura religiosa.

Sabe-se que os rituais de candomblé, crença religiosa da maioria dos negros cativos do período colonial, é a representação, mais condensada e ilustrada da cultura africana, dentro dos cerimoniais é freqüente a identificação de danças, musicas, mitos, objetos de arte e simbologia sacra, principalmente, a variedade de pratos e quitutes que frequentemente são servidos para apreciação dos orixás.

Os orixás são panteon africano, estes representados por elementos da natureza, porém os mitos que caracterizam esses deuses são permeados de lendas que alegoricamente deram corpo físico, personalidade, comportamento e vontade aos deuses africanos. A partir deste mito podemos conceber a estreita relação entre religião e comida no candomblé, pois nenhum deus pode ser reverenciado sem que lhe seja ofertado uma determinada comida, esta que pode variar de uma simples farofa de água até um suntuoso bobó-de-camarão, que deve ser servido dentro do maior asseio, qualidade de alimentos e requinte dos objetos que comportam as iguarias.

Dentro desta fartura da culinária religiosa africana, podemos enumerar dezenas que fazem parte desta mesa tradicional regional brasileira, como sarapatel, acarajé, paçoca, quibebe, vatapá, caruru, moqueca de peixe, angu de arroz, abará, acaçá, ambrosia, entre outras. Vale ressaltar que a culinária afro também é composta por muitos pratos doces.

Parte 2 - Linguística: uma das transformações do nosso vocabulário

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O português que falamos no Brasil tem muitas palavras de origem africana. Isso acontece porque, principalmente durante o período colonial os negros foram trazidos da África como escravos, para trabalhar na lavoura. Os africanos trouxeram consigo sua religião o candomblé e sua cultura, que inclui as comidas, a música, o modo de ver a vida e muitos dos seus mitos e lendas. Trouxeram ainda é claro as línguas e dialetos que falavam.

Iniciado o tráfico entre Brasil e África, já na primeira metade do século XVI observou-se a confluência de línguas negro-africanas com o português europeu antigo. A conseqüência mais direta desse contato lingüístico e cultural foi a alteração da língua portuguesa na colônia sul-americana e a subseqüente participação de falantes africanos na construção da modalidade da língua e da cultura representativas do Brasil.

Explicar o avanço do componente africano nesse processo é ter em conta a participação do negro-africano como personagem falante no desenrolar dos acontecimentos e procurar entender os fatos relevantes de ordem sócio-econômica e de natureza lingüística que, ao longo de quatro séculos consecutivos, favoreceram a interferência de línguas africanas na língua portuguesa, no Brasil. Isso se fez sentir em todos os setores: léxico, semântico,prosódico, sintático e, de maneira rápida e profunda, na língua falada.

Ao mesmo tempo, já se formavam os falares afro-brasileiros das senzalas, das plantações, dos quilombos, das minas. Mais tardiamente, de alguns núcleos da costa atlântica, até o seu estabelecimento como línguas rituais, a chamada língua de-santo na Bahia, e, dispondo de um vocabulário menos rico, sob a forma de falares especiais de comunidades negras.

A verdade é que hoje a gente usa tantas palavras africanas que nem repara em sua origem. O que seria do Brasil sem o "samba"? E tem mais: "cachaça", "dendê", "fuxico", "berimbau", "quitute", cuíca", "cangaço", "quiabo", "senzala", "corcunda", "batucada", "zabumba", "bafafá" e "axé". Para quem não sabe, "bafafá" significa confusão. E "axé" é uma saudação com votos de paz e felicidade.

Parte 1 - Origens da cultura brasileira começam no prosaico arroz com feijão

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Durante três séculos, toda a comida da sociedade brasileira – majoritariamente agrária – passou por mãos negras. Escravos (mulheres e homens menos aptos ao trabalho no campo) comandavam as cozinhas coloniais, inventando pratos, adicionando novos temperos e adaptando ingredientes indígenas e africanos ao paladar do “nhonhô” português.

A mão que mexeu o caldo da formação culinária brasileira foi negra. Por mais que as mestiçagens acontecessem por todos os lados, no final, foram os negros que meteram a mão na massa. Por isso, tudo o que o brasileiro típico come hoje, desde o arroz com feijão mais básico até a mais elaborada paella, tem um resquício das mentes criativas da senzala, que uniram o paladar europeu às tradições indígenas e africanas. Formou-se uma gastronomia leve e densa, simples e sofisticada, forte e sutil. Um paradoxo de sabores e influências, tão diverso quanto o Brasil.